sexta-feira, 30 de outubro de 2009

عدم الراحة




عدم الراحة

عشية أبدا التقيت لكم
لقد كرست قصيدة أقل
في المساء لي أن أراك.


العالم كله للأسف مشتتا
في مناقشة النفس والمستقبل.
ربما كان هناك في حين كتبت.


ثم أمطرت على القصيدة
وعلى غرار (نتذكر) أصبحت الدموع
إذا كنت أنت من كان صحيحا.


الآن في شوارع هادئة حيث أنا
حفظ سر بلادي الخطوات
وأصداء غير مؤكد ليس هناك أمل.


ثمة شجرة الانفرادي والرمادي
في مكان جدا حيث اليومية
عيناي وكتابة الساذج
انها الشجرة الوحيدة التي تؤمن لك –
لذلك أنا طاردته البول من الكلاب

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O dia era de mudança

Levantou-se com uma urgente vontade de mudança.
Tomou um banho, vestiu-se, calçou-se, maquilhou-se, perfumou-se, colocou a carteira ao ombro e saiu porta fora.
Chovia. Ping, pingo que molha, ping. Detestava os dias de chuva. Deixavam-na mole.
Mete-se no carro, pega no comando e aponta-o ao portão. Ouve o familiar ranger do dito, liga o carro, mete a mudança adequada e vai-se.
Para onde vai ela? Ela própria não decidiu. Vai e chega-lhe por agora.
Chegou. Sai do carro, abre o guarda-chuva que ainda continua o ping, pingo que molha ping. Esboça uma pequena corrida. Entra. Cumprimenta. Coloca o guarda-chuva no sítio adequado. Dirige-se à cadeira vazia e senta-se. Nisto levanta-se e agarra uma revista. Senta-se. Folheia, metodicamente a revista, sem deter o olhar em coisa nenhuma. Espera, pacientemente, pela sua vez.
À hora marcada, senta-se na cadeira que lhe indicaram. Liga o botão da massagem e sente o afago da máquina nas costas. Gosta. Pedem-lhe que se afaste um pouco. Afasta-se complacente. Colocam-lhe o resguardo. Molham-lhe a cabeça. Sente a carícia da água quente. De novo gosta. Colocam-lhe o shampoo. No entretanto, massajam-lhe a cabeça. Não gosta mas não diz nada. Retiram o shampoo, colocam amaciador. De novo massajam. Passam por água. Tiram o excedente de água com uma toalha. Retiram a toalha e colocam outra nova com a qual lhe envolvem a cabeça. Desligam o botão da massagem. Pedem-lhe que se sente noutra cadeira, desta vez sem massagem. Assente.
- Então, como é que vai cortar? – perguntam.
- Curto – responde.
- Muito curto – acrescenta.
- Tem a certeza? – perguntam.
- Absolutamente – confirma.
Cortam, cortam, cortam, cortam. Ela olha, olha, olha, olha. Alegra-se. Arrepende-se. Entristece-se. Mentaliza-se.
Olha de relance para o espelho que lhe mostram. Responde laconicamente que sim, que gostou. Levanta-se. Dirige-se ao caixa. Pergunta pela conta. Dizem-lhe. Paga. Pega no guarda-chuva. Despede-se. Sai.
Entra no carro. Liga o carro. Mete a mudança adequada. Faz pisca. Faz-se à estrada. Vai. Chega a casa. Abre o portão. Mete o carro. Fecha o portão. Sente o frio nas orelhas, agora descobertas. Gosta. Entra em casa. Vê-se ao espelho. Não sabe se gosta. Olha de novo. Está mais leve. Não sabe ainda se gosta. Sabe que mudou. O dia era de mudança. Cumpriu-o.


A foto não é a dela. Mas podia ser. O cabelo tem igual comprimento.


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domingo, 25 de outubro de 2009

Quem se acusa?
















Capricórnio (22/12 - 19/01):


1. Frase: 'HOJE assumi o cargo de vice-diretor de uma empresa que ORGANIZAREI, e será sucesso daqui a 10 ANOS'.

2. O que o capricorniano espera de seu parceiro:
Busca um parceiro que seja equilibrado e que possa ajudá-lo a alcançar uma posição de destaque e de status na vida. A lealdade e o apoio são mais importantes para ele do que a paixão.

3. O que o capricorniano diz depois do sexo: 'Você tem cartão de visitas?'

4. Como irritar um capricorniano:
Organize tudo para que se sintam inúteis. Lembre-os de sua baixa posição social. Embarace-os em público: faça escândalos, berre com eles. Deixe-os esperando, nunca chegue na hora marcada.

5. Como o capricorniano reza antes de dormir:
'Querido Pai, eu estava indo rezar, mas acho que devo descobrir as coisas por mim mesmo. Obrigado de qualquer forma.'

6. Por que o capricorniano atravessou a rua?
Porque foi pechinchar nas lojas do outro lado.

7. Você foi assaltado e o capricorniano...
'Quanto levaram?'

8. Adesivo para o vidro do carro do capricorniano:
'Tenho tudo que amo, e trabalho muito para ter mais ainda'

9. Quantos capricornianos são necessários para trocar uma lâmpada?
Nenhum. Capricornianos não trocam lâmpadas - a não ser que seja um negócio lucrativo.

PS. Não acredito nada nos signos. Nunca acreditei, mesmo. Mas se algum dia tivesse acreditado, teria deixado de acreditar quando um amigo terminou o curso de jornalismo e foi trabalhar para um jornal. Como não havia muito trabalho, calhou-lhe a tarefa de todas as manhãs fazer sair os signos, o que ele fez sempre muito bem e com muita imaginação, lol.
Para quem ainda continua a acreditar, pergunto: acham que era possível (atendendo às compatibilidades entre signos) estar casada há 26 anos, eu, uma carneira mafiosa, com um capricórnio avarento e calculista deste calibre?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Sou assim?















Áries (21/03 - 19/04):

1. Frase: 'Não sei bem o que quero, só sei que quero JÁ!'

2. O que o ariano espera de seu parceiro:
Para o ariano, o que importa é a conquista. O desafio de conseguir a pessoa amada é sua principal motivação. Pode perder o interesse quando consegue seu objetivo. Gosta de correr riscos, o que pode levá-lo a se envolver em triângulos amorosos.

3. O que o ariano diz depois do sexo: 'Legal, vamos de novo!'

4. Como irritar um ariano:
Fale com eles dando uma enorme pausa entre as palavras. Não deixe que eles falem, ou, se falarem, corte pelo meio.

5. Como o ariano reza antes de dormir:
'Querido Deus! Dê-me PACIÊNCIA, e eu a quero AGORA'!

6. Por que o ariano atravessou a rua?
Certamente para bater boca com alguém que estava do outro lado.

7. Você foi assaltado e o ariano...
Dá um soco na mesa e diz:
'Mas que merda! Não se pode andar mais tranqüilo na rua nos dias de hoje!'

8. Adesivo para o vidro do carro do ariano:
'Passa por cima, ó cromo!'

9. Quantos arianos são necessários para trocar uma lâmpada?
Apenas um, mas serão necessárias muitas lâmpadas.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Totalmente a leste do paraíso!



Faço cada triste figura, ó se faço!

Hoje, corria a primeira hora da tarde, eis que ouço a estridente campainha que normalmente anuncia o final de uma aula. Imediatamente, como que empurrados pelo impulso de uma forte mola, levantam-se 28 almas e dirigem-se, atabalhoadamente, para a porta. Olho de relance para o relógio, procurando entender a razão do tempo ter passado tão depressa. Penso: devo estar a dar mesmo bem as aulas, nem se nota o tempo a passar. Ups, ainda faltam 35 minutos para a hora de saída… que raio se passará com a campainha. Assim que recobro da estupefacção, dirijo-me, agora eu ainda mais atabalhoadamente do que eles, para a porta e disparo:

- Pode saber-se onde vão?

- Lá para fora professora - respondem em uníssono.

- Lá para fora não. Cá para dentro se faz favor - riposto, fazendo má cara.

- Não perceberam que ainda não são horas de sair?

Nisto aproxima-se uma esbaforida empregada que, à medida que ditava a ordem de “Lá para fora, já!”, os ia suavemente empurrando porque estavam, segundo ela (e cheia de razão), a encalhar tudo.

- Ó D. Maria, então, que se passa?

- Ó professora então hoje é a simulação. Vá com eles e oriente-os.

Ao ouvir a palavra simulação, assaltam-me vários pensamentos, mais ou menos deste teor: merda; que seca; que faço eu agora; não li nada sobre isto; que levo?; para onde vou?; fecho a porta; deixo-a aberta?; e outros eteceteras afins.

Por fim lá fomos para o sítio escolhido, medianamente ordenados e a rir a bandeiras despregadas devido ao insólito da situação.

- Então a professora queria que morrêssemos ali enchurrascados? - perguntou, sorridente, um deles.

- E então? Já nem vos corrigia o teste. Até que nem era mal pensado - brinquei eu.

- Mas a professora não sabia mesmo? - pergunta outro.

- Claro que não. Nem fazia a mínima ideia. Não li nada sobre isto. Ando cheia de trabalho e não reparei em nada, procurei justificar-me.

- Então mas eu até lhe perguntei no início da aula se íamos fazer a avaliação da oralidade antes ou depois da simulação - acrescenta.

- Sim, mas eu pensei que te referias a uma simulação qualquer, relacionada com a expressão oral. Sei lá, na altura nem pensei!

Simultaneamente, assaltou-me a recordação de ter ouvido um deles perguntar-me se 45 min chegavam para a realização do teste e, na altura, pensei que o miúdo não devia ser muito certo porque me fazia cada pergunta, uma vez que a aula era de 90 min.  Enfim…, parece que a INCERTA sou eu.

- Professora, se calhar devíamos pôr-nos em fila. Somos os únicos que não estamos ordenados e o director está pronto para a foto - alerta outro deles.

Só tive discernimento para me baixar um bocadinho de modo a ser confundida com a multidão e não ser identificada para a posteridade como a profe tresmalhada.

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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Ibéria, ¿por qué no?
















Como eu gostava que o conde-duque de Olivares não tivesse existido. Como eu gostava que a Catalunha não se tivesse revoltado. Como eu gostava que Portugal não tivesse aproveitado a revolta catalã, iniciando a sublevação de 1640. Como eu gostava de ser ainda espanhola.

Cumpro todos os estereótipos atribuídos ao povo hermano. Gosto da música, dos churros com chocolate, da siesta, do flamenco e das sevillanas, das fiestas, da movida e do botellón, do kalimocho e dos granizados, do fútbol, do Corte Inglés, do rei, da rainha, dos príncipes e princesas e respectiva prole, etc., etc., etc. Sou alegre, bem disposta, falo que me desunho - algumas vezes até uns quantos decibéis acima da média -, não percebo quase pevas de inglês, nem quero saber de mais nenhuma língua que não seja o espanholito.

Só não gosto das corridas de toros e chego a horas a todo o lado, mas também não há espanhóis, nem nenhum povo, sem defeitos.

Por isso, se cumpro todos os requisitos, por que raio não nasci espanhola? E, na falta desse pressuposto, por que raio Portugal e Espanha não são apenas um país? Pelo menos, Saramago, está comigo! ¿Quién más se apunta?

domingo, 18 de outubro de 2009

Diálogos improváveis ou como explodir os fusíveis das criancinhas

 
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- Professora, que vamos dar hoje?
- Vamos falar de horários. Vamos aprender a dizer e a perguntar as horas.
- Porquê, não é igual aqui e na Espanha?
- Não, há fórmulas diferentes.
- Deve ser giro.
- É, vão ver que gostam.
- Sabem, neste preciso momento são 8h e 45 min em Portugal e 9h e 45 min na Espanha.
- Ai sim?
- Sim.

(cerca de 15 minutos depois)

- Professora, enquanto estava aí a explicar eu estive sempre a pensar no assunto e tenho uma dúvida.
- Sim?! Qual é?
- A professora há bocado disse que na Espanha há uma hora a mais. Portanto, se nós temos 24h num dia e eles 25h, quantos minutos tem uma hora lá?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Habemos dentem ou Deus dá nozes a quem não tem dentes sólidos

Sábado passado, estava eu descansadinha a comer uma noz - entenda-se um simples miolo de noz e não a noz com casca e tudo - e eis que ouço um suave clique. Simultaneamente sinto uma coisa dura na boca.
- Raios parta que o miolo vinha com casca e tudo, remordi eu cá para os meus botões.
Volta e mais volta entre língua, dentes e noz e consegui extrair o estranho objecto. Olho para ele e assaltou-me uma quase certeza.
Parece um dente, pensei.
- Um dente?!
-Um dente de quem?
-Então as nozes já têm dentes?
Volto a debruçar-me sobre o OCNI (objecto caído não identificado), observo-o melhor e assalta-me uma sensação de déjà vu.
-Ai ó pá, é mesmo um dente. E é mesmo parecido com o meu da frente, pensei.
Quase à beira de um peripaque, lá me mentalizei que eu era mesmo a propriazinha da dona do dente.
Resultado: estive o resto do fim-de-semana confinada aos meus aposentos e nem as lides eleitorais me convenceram a mostrar este meu lado de pirata das Caraíbas. E a manhã de segunda-feira passeia-a, inteirinha, a aquecer a cadeira do dentista, mas dei por bem empregue o tempo dispendido. Habemos de novom dentem e já podemos comer nozes novamente (obviamente sem casca).



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sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Conversas de treta

Diz-se que toda a mulher moderna que se preze tem um amigo gay mas, na verdade, o melhor amigo, mesmo, é um vibrador ou, vá lá, um ou dois dedos. Algumas, mais modernas ainda, chegam até a ter uma ou outra amiga mais colorida, mas não é disso que reza hoje este post.
Hoje quero escrever sobre uma conversa que ouvi entre três jovens adultos que bradavam aos céus e alardeavam aos sete ventos a estranheza e o total repúdio pelo gosto e uso feminino dos vibradores. Um atentado à verdadeira função do homem, diziam eles.
Embora tivesse sido só uma mera ouvinte da conversa, que se travou numa esplanada de café, apeteceu-me dizer-lhes o seguinte:
- queriduxa (o grupo era heterógenio), olhe lá, deixe-se de coisas e pense que a masturbação é fundamental, dá saúde e faz crescer! A falta de conhecimento do próprio corpo ou deixá-lo apenas em mãos alheias nem sempre é a melhor política.
- queriduxos, a vossa cara metade não vai deixar de amá-los por usar um vibrador. Nunca conheci uma mulher apaixonada por um vibrador e um homem não é apenas um pénis, embora, por vezes, essa parte anatómica ocupe demasiado espaço nas ligações sinápticas do seu cérebro, como parece ser o vosso caso!

Alguma vez estes bichinhos podem ser misóginos?


terça-feira, 6 de outubro de 2009

Totalmente fora de controle

 


Ainda não descobri a razão de um blog, que se queria erudito e sofisticado atendendo à verborreia latina aplicada, andar tão estraviado do seu percurso inicial. Por que raio se intrometeu uma feirante neste espaço? Das duas três, ou o blog muda de roupagem ou a Sra. D. Red Shoes vai vender os seus chanatos para outra freguesia, leia-se feira. Realmente, além de vagabundo, este blog está totalmente fora de controle. Chiça!! (Como se dirá esta palavra em latim?)
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O modelito da Red shoes

Este fim de semana fui ao casamento da filha da minha amiga Lurdinhas. Obviamente não poderia fazer má figura. Toda a manhã experimentei red shoes e foi difícil optar entre os diversos modelitos de que disponho.

 

Depois de muito pensar decidi levar estes:

 

Não se aceitam encomendas. Por supuesto só uso modelos originais.
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O sapatinho da noiva

 


Muito me orgulho por a noiva ir calçada com um modelito meu. Nem o Luís Onofre lhe chega aos calcanhares.
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Os modelitos mais originais

 

Gostei mesmo do casório. Havia gente gira, bem vestida e sobretudo bem calçada. Não resisti a fotografar os modelitos que mais me agradaram. Tenho pena que não sejam da minha produção, mas já os encomendei.
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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Vai com as aves

 

Amanhã sai-me o primeiro pássaro do ninho.

Tal como Eugénio sabia, também eu sei que ela já não é a menina adormecida no fundo dos meus olhos. Sei que ela cresceu mas ainda sabemos de cor os contos que lhe contei e que ela ouviu. Sei que ela será sempre minha e que também serei sempre dela. Temos essa certeza.

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