sábado, 7 de novembro de 2009
The end
Tudo tem um fim e este blog esticou o pernil, finou-se e foi desta para melhor. Que tenha um bonito funeral!
terça-feira, 3 de novembro de 2009
Saturday night fever
Sábado à noite fui - ou melhor fomos, porque mais de 300 pessoas fizeram a mesma opção – a uma festa.
Ao jeito dos States, tratava-se da Gala dos 20 anos da Profitecla, sendo o principal motivo da festança a reunião de antigos e actuais alunos e professores da referida escola.
Ora, como sabem os que me conhecem, o meu jeitinho para as coisas do society, jet set, jet oito e afins é quase nulo - só não digo inexistente porque me fica mal - portanto, não estava muito para aí virada. No entanto, depois de diversos telefonemas, que foram subindo hierarquicamente, a solicitar a minha augusta presença, lá me decidi a ir, movida, acima de tudo, pela curiosidade de saber o que era feito dos antigos colegas. Convidei uma amiga e lá fomos, armadas com o mapa que me tinham mandado e convictas nas setas que tinham afirmado ter colocado nos pontos mais estratégicos.
A meio do caminho, numa zona de difícil identificação, paramos para ver o mapa e ler as indicações aduzidas e deparamo-nos com a seguinte indicacão: “quando chegar a Torre de Bera encontra um cruzamento a dizer Torre de Bera mas não é aí. É em Torre de Bera”
- Ora pois, tamos feitas – diz a minha amiga.
- Espreita aí a ver se vês as setas – acrescenta.
- Qual setas, qual carapuça. Até agora não vi nem uma. Estamos por nossa conta – digo eu.
- E agora? – pergunta ela.
- Agora? Quem tem boca vai dar a Roma, pois então – digo eu.
Depois de perguntar a gregos, a troianos e a gente autóctone, lá chegamos ao destino.
- Ó pá, isto é fino. Há trajes de gala, passadeira vermelha e tudo. Então e não me disseste nada – refila, desconsolada, a minha amiga.
- E eu é que sabia, só me disseram que era uma gala – justifico-me eu.
- Uma gala, ó parva, UMA GALA!!! TU NÃO SABES O QUE É UMA GALA?? – grita ela.
- Ó pá, saber até sei, já vi nas revistas da Caras, mas não liguei a cota com a perdigota – digo eu.
- Podias ter dito, porra, que tinha vindo vestida de outra maneira. Pensava que era só tipo jantar sem cerimónia – diz ela, desgostosa.
- Deixa lá, fazes pendant, comigo – digo eu.
- Pois, contigo e com a Cinderela depois da meia-noite, desgrenhada, esfarrapada e montada na abóbora – acrescenta ela.
- Vá, deixa-te disso. Vamos ver o pessoal. Anda que se faz tarde – incito.
Lá fomos e depressa chegamos à constatação que de pessoas conhecidas pouco havia e que dos antigos colegas éramos as únicas presentes.
A festa, diga-se e leia-se Gala, até que foi agradável, excepto o momento da fotografia frente ao painel decorado mesmo ao jeitinho da Caras. A sorte é que normalmente não publicam as fotos dos pedintes!
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
عدم الراحة
عدم الراحة
عشية أبدا التقيت لكم
لقد كرست قصيدة أقل
في المساء لي أن أراك.
العالم كله للأسف مشتتا
في مناقشة النفس والمستقبل.
ربما كان هناك في حين كتبت.
ثم أمطرت على القصيدة
وعلى غرار (نتذكر) أصبحت الدموع
إذا كنت أنت من كان صحيحا.
الآن في شوارع هادئة حيث أنا
حفظ سر بلادي الخطوات
وأصداء غير مؤكد ليس هناك أمل.
ثمة شجرة الانفرادي والرمادي
في مكان جدا حيث اليومية
عيناي وكتابة الساذج
انها الشجرة الوحيدة التي تؤمن لك –
لذلك أنا طاردته البول من الكلاب
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
O dia era de mudança
Levantou-se com uma urgente vontade de mudança.
Tomou um banho, vestiu-se, calçou-se, maquilhou-se, perfumou-se, colocou a carteira ao ombro e saiu porta fora.
Chovia. Ping, pingo que molha, ping. Detestava os dias de chuva. Deixavam-na mole.
Mete-se no carro, pega no comando e aponta-o ao portão. Ouve o familiar ranger do dito, liga o carro, mete a mudança adequada e vai-se.
Para onde vai ela? Ela própria não decidiu. Vai e chega-lhe por agora.
Chegou. Sai do carro, abre o guarda-chuva que ainda continua o ping, pingo que molha ping. Esboça uma pequena corrida. Entra. Cumprimenta. Coloca o guarda-chuva no sítio adequado. Dirige-se à cadeira vazia e senta-se. Nisto levanta-se e agarra uma revista. Senta-se. Folheia, metodicamente a revista, sem deter o olhar em coisa nenhuma. Espera, pacientemente, pela sua vez.
À hora marcada, senta-se na cadeira que lhe indicaram. Liga o botão da massagem e sente o afago da máquina nas costas. Gosta. Pedem-lhe que se afaste um pouco. Afasta-se complacente. Colocam-lhe o resguardo. Molham-lhe a cabeça. Sente a carícia da água quente. De novo gosta. Colocam-lhe o shampoo. No entretanto, massajam-lhe a cabeça. Não gosta mas não diz nada. Retiram o shampoo, colocam amaciador. De novo massajam. Passam por água. Tiram o excedente de água com uma toalha. Retiram a toalha e colocam outra nova com a qual lhe envolvem a cabeça. Desligam o botão da massagem. Pedem-lhe que se sente noutra cadeira, desta vez sem massagem. Assente.
- Então, como é que vai cortar? – perguntam.
- Curto – responde.
- Muito curto – acrescenta.
- Tem a certeza? – perguntam.
- Absolutamente – confirma.
Cortam, cortam, cortam, cortam. Ela olha, olha, olha, olha. Alegra-se. Arrepende-se. Entristece-se. Mentaliza-se.
Olha de relance para o espelho que lhe mostram. Responde laconicamente que sim, que gostou. Levanta-se. Dirige-se ao caixa. Pergunta pela conta. Dizem-lhe. Paga. Pega no guarda-chuva. Despede-se. Sai.
Entra no carro. Liga o carro. Mete a mudança adequada. Faz pisca. Faz-se à estrada. Vai. Chega a casa. Abre o portão. Mete o carro. Fecha o portão. Sente o frio nas orelhas, agora descobertas. Gosta. Entra em casa. Vê-se ao espelho. Não sabe se gosta. Olha de novo. Está mais leve. Não sabe ainda se gosta. Sabe que mudou. O dia era de mudança. Cumpriu-o.
A foto não é a dela. Mas podia ser. O cabelo tem igual comprimento.
Tomou um banho, vestiu-se, calçou-se, maquilhou-se, perfumou-se, colocou a carteira ao ombro e saiu porta fora.
Chovia. Ping, pingo que molha, ping. Detestava os dias de chuva. Deixavam-na mole.
Mete-se no carro, pega no comando e aponta-o ao portão. Ouve o familiar ranger do dito, liga o carro, mete a mudança adequada e vai-se.
Para onde vai ela? Ela própria não decidiu. Vai e chega-lhe por agora.
Chegou. Sai do carro, abre o guarda-chuva que ainda continua o ping, pingo que molha ping. Esboça uma pequena corrida. Entra. Cumprimenta. Coloca o guarda-chuva no sítio adequado. Dirige-se à cadeira vazia e senta-se. Nisto levanta-se e agarra uma revista. Senta-se. Folheia, metodicamente a revista, sem deter o olhar em coisa nenhuma. Espera, pacientemente, pela sua vez.
À hora marcada, senta-se na cadeira que lhe indicaram. Liga o botão da massagem e sente o afago da máquina nas costas. Gosta. Pedem-lhe que se afaste um pouco. Afasta-se complacente. Colocam-lhe o resguardo. Molham-lhe a cabeça. Sente a carícia da água quente. De novo gosta. Colocam-lhe o shampoo. No entretanto, massajam-lhe a cabeça. Não gosta mas não diz nada. Retiram o shampoo, colocam amaciador. De novo massajam. Passam por água. Tiram o excedente de água com uma toalha. Retiram a toalha e colocam outra nova com a qual lhe envolvem a cabeça. Desligam o botão da massagem. Pedem-lhe que se sente noutra cadeira, desta vez sem massagem. Assente.
- Então, como é que vai cortar? – perguntam.
- Curto – responde.
- Muito curto – acrescenta.
- Tem a certeza? – perguntam.
- Absolutamente – confirma.
Cortam, cortam, cortam, cortam. Ela olha, olha, olha, olha. Alegra-se. Arrepende-se. Entristece-se. Mentaliza-se.
Olha de relance para o espelho que lhe mostram. Responde laconicamente que sim, que gostou. Levanta-se. Dirige-se ao caixa. Pergunta pela conta. Dizem-lhe. Paga. Pega no guarda-chuva. Despede-se. Sai.
Entra no carro. Liga o carro. Mete a mudança adequada. Faz pisca. Faz-se à estrada. Vai. Chega a casa. Abre o portão. Mete o carro. Fecha o portão. Sente o frio nas orelhas, agora descobertas. Gosta. Entra em casa. Vê-se ao espelho. Não sabe se gosta. Olha de novo. Está mais leve. Não sabe ainda se gosta. Sabe que mudou. O dia era de mudança. Cumpriu-o.
A foto não é a dela. Mas podia ser. O cabelo tem igual comprimento.
domingo, 25 de outubro de 2009
Quem se acusa?
Capricórnio (22/12 - 19/01):
1. Frase: 'HOJE assumi o cargo de vice-diretor de uma empresa que ORGANIZAREI, e será sucesso daqui a 10 ANOS'.
2. O que o capricorniano espera de seu parceiro:
Busca um parceiro que seja equilibrado e que possa ajudá-lo a alcançar uma posição de destaque e de status na vida. A lealdade e o apoio são mais importantes para ele do que a paixão.
3. O que o capricorniano diz depois do sexo: 'Você tem cartão de visitas?'
4. Como irritar um capricorniano:
Organize tudo para que se sintam inúteis. Lembre-os de sua baixa posição social. Embarace-os em público: faça escândalos, berre com eles. Deixe-os esperando, nunca chegue na hora marcada.
5. Como o capricorniano reza antes de dormir:
'Querido Pai, eu estava indo rezar, mas acho que devo descobrir as coisas por mim mesmo. Obrigado de qualquer forma.'
6. Por que o capricorniano atravessou a rua?
Porque foi pechinchar nas lojas do outro lado.
7. Você foi assaltado e o capricorniano...
'Quanto levaram?'
8. Adesivo para o vidro do carro do capricorniano:
'Tenho tudo que amo, e trabalho muito para ter mais ainda'
9. Quantos capricornianos são necessários para trocar uma lâmpada?
Nenhum. Capricornianos não trocam lâmpadas - a não ser que seja um negócio lucrativo.
PS. Não acredito nada nos signos. Nunca acreditei, mesmo. Mas se algum dia tivesse acreditado, teria deixado de acreditar quando um amigo terminou o curso de jornalismo e foi trabalhar para um jornal. Como não havia muito trabalho, calhou-lhe a tarefa de todas as manhãs fazer sair os signos, o que ele fez sempre muito bem e com muita imaginação, lol.
Para quem ainda continua a acreditar, pergunto: acham que era possível (atendendo às compatibilidades entre signos) estar casada há 26 anos, eu, uma carneira mafiosa, com um capricórnio avarento e calculista deste calibre?
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Sou assim?
Áries (21/03 - 19/04):
1. Frase: 'Não sei bem o que quero, só sei que quero JÁ!'
2. O que o ariano espera de seu parceiro:
Para o ariano, o que importa é a conquista. O desafio de conseguir a pessoa amada é sua principal motivação. Pode perder o interesse quando consegue seu objetivo. Gosta de correr riscos, o que pode levá-lo a se envolver em triângulos amorosos.
3. O que o ariano diz depois do sexo: 'Legal, vamos de novo!'
4. Como irritar um ariano:
Fale com eles dando uma enorme pausa entre as palavras. Não deixe que eles falem, ou, se falarem, corte pelo meio.
5. Como o ariano reza antes de dormir:
'Querido Deus! Dê-me PACIÊNCIA, e eu a quero AGORA'!
6. Por que o ariano atravessou a rua?
Certamente para bater boca com alguém que estava do outro lado.
7. Você foi assaltado e o ariano...
Dá um soco na mesa e diz:
'Mas que merda! Não se pode andar mais tranqüilo na rua nos dias de hoje!'
8. Adesivo para o vidro do carro do ariano:
'Passa por cima, ó cromo!'
9. Quantos arianos são necessários para trocar uma lâmpada?
Apenas um, mas serão necessárias muitas lâmpadas.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Totalmente a leste do paraíso!
Faço cada triste figura, ó se faço!
Hoje, corria a primeira hora da tarde, eis que ouço a estridente campainha que normalmente anuncia o final de uma aula. Imediatamente, como que empurrados pelo impulso de uma forte mola, levantam-se 28 almas e dirigem-se, atabalhoadamente, para a porta. Olho de relance para o relógio, procurando entender a razão do tempo ter passado tão depressa. Penso: devo estar a dar mesmo bem as aulas, nem se nota o tempo a passar. Ups, ainda faltam 35 minutos para a hora de saída… que raio se passará com a campainha. Assim que recobro da estupefacção, dirijo-me, agora eu ainda mais atabalhoadamente do que eles, para a porta e disparo:
- Pode saber-se onde vão?
- Lá para fora professora - respondem em uníssono.
- Lá para fora não. Cá para dentro se faz favor - riposto, fazendo má cara.
- Não perceberam que ainda não são horas de sair?
Nisto aproxima-se uma esbaforida empregada que, à medida que ditava a ordem de “Lá para fora, já!”, os ia suavemente empurrando porque estavam, segundo ela (e cheia de razão), a encalhar tudo.
- Ó D. Maria, então, que se passa?
- Ó professora então hoje é a simulação. Vá com eles e oriente-os.
Ao ouvir a palavra simulação, assaltam-me vários pensamentos, mais ou menos deste teor: merda; que seca; que faço eu agora; não li nada sobre isto; que levo?; para onde vou?; fecho a porta; deixo-a aberta?; e outros eteceteras afins.
Por fim lá fomos para o sítio escolhido, medianamente ordenados e a rir a bandeiras despregadas devido ao insólito da situação.
- Então a professora queria que morrêssemos ali enchurrascados? - perguntou, sorridente, um deles.
- E então? Já nem vos corrigia o teste. Até que nem era mal pensado - brinquei eu.
- Mas a professora não sabia mesmo? - pergunta outro.
- Claro que não. Nem fazia a mínima ideia. Não li nada sobre isto. Ando cheia de trabalho e não reparei em nada, procurei justificar-me.
- Então mas eu até lhe perguntei no início da aula se íamos fazer a avaliação da oralidade antes ou depois da simulação - acrescenta.
- Sim, mas eu pensei que te referias a uma simulação qualquer, relacionada com a expressão oral. Sei lá, na altura nem pensei!
Simultaneamente, assaltou-me a recordação de ter ouvido um deles perguntar-me se 45 min chegavam para a realização do teste e, na altura, pensei que o miúdo não devia ser muito certo porque me fazia cada pergunta, uma vez que a aula era de 90 min. Enfim…, parece que a INCERTA sou eu.
- Professora, se calhar devíamos pôr-nos em fila. Somos os únicos que não estamos ordenados e o director está pronto para a foto - alerta outro deles.
Só tive discernimento para me baixar um bocadinho de modo a ser confundida com a multidão e não ser identificada para a posteridade como a profe tresmalhada.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Ibéria, ¿por qué no?
Como eu gostava que o conde-duque de Olivares não tivesse existido. Como eu gostava que a Catalunha não se tivesse revoltado. Como eu gostava que Portugal não tivesse aproveitado a revolta catalã, iniciando a sublevação de 1640. Como eu gostava de ser ainda espanhola.
Cumpro todos os estereótipos atribuídos ao povo hermano. Gosto da música, dos churros com chocolate, da siesta, do flamenco e das sevillanas, das fiestas, da movida e do botellón, do kalimocho e dos granizados, do fútbol, do Corte Inglés, do rei, da rainha, dos príncipes e princesas e respectiva prole, etc., etc., etc. Sou alegre, bem disposta, falo que me desunho - algumas vezes até uns quantos decibéis acima da média -, não percebo quase pevas de inglês, nem quero saber de mais nenhuma língua que não seja o espanholito.
Só não gosto das corridas de toros e chego a horas a todo o lado, mas também não há espanhóis, nem nenhum povo, sem defeitos.
Por isso, se cumpro todos os requisitos, por que raio não nasci espanhola? E, na falta desse pressuposto, por que raio Portugal e Espanha não são apenas um país? Pelo menos, Saramago, está comigo! ¿Quién más se apunta?
domingo, 18 de outubro de 2009
Diálogos improváveis ou como explodir os fusíveis das criancinhas
- Professora, que vamos dar hoje?
- Vamos falar de horários. Vamos aprender a dizer e a perguntar as horas.
- Porquê, não é igual aqui e na Espanha?
- Não, há fórmulas diferentes.
- Deve ser giro.
- É, vão ver que gostam.
- Sabem, neste preciso momento são 8h e 45 min em Portugal e 9h e 45 min na Espanha.
- Ai sim?
- Sim.
(cerca de 15 minutos depois)
- Professora, enquanto estava aí a explicar eu estive sempre a pensar no assunto e tenho uma dúvida.
- Sim?! Qual é?
- A professora há bocado disse que na Espanha há uma hora a mais. Portanto, se nós temos 24h num dia e eles 25h, quantos minutos tem uma hora lá?
terça-feira, 13 de outubro de 2009
Habemos dentem ou Deus dá nozes a quem não tem dentes sólidos
Sábado passado, estava eu descansadinha a comer uma noz - entenda-se um simples miolo de noz e não a noz com casca e tudo - e eis que ouço um suave clique. Simultaneamente sinto uma coisa dura na boca.
- Raios parta que o miolo vinha com casca e tudo, remordi eu cá para os meus botões.
Volta e mais volta entre língua, dentes e noz e consegui extrair o estranho objecto. Olho para ele e assaltou-me uma quase certeza.
Parece um dente, pensei.
- Um dente?!
-Um dente de quem?
-Então as nozes já têm dentes?
Volto a debruçar-me sobre o OCNI (objecto caído não identificado), observo-o melhor e assalta-me uma sensação de déjà vu.
-Ai ó pá, é mesmo um dente. E é mesmo parecido com o meu da frente, pensei.
Quase à beira de um peripaque, lá me mentalizei que eu era mesmo a propriazinha da dona do dente.
Resultado: estive o resto do fim-de-semana confinada aos meus aposentos e nem as lides eleitorais me convenceram a mostrar este meu lado de pirata das Caraíbas. E a manhã de segunda-feira passeia-a, inteirinha, a aquecer a cadeira do dentista, mas dei por bem empregue o tempo dispendido. Habemos de novom dentem e já podemos comer nozes novamente (obviamente sem casca).
- Raios parta que o miolo vinha com casca e tudo, remordi eu cá para os meus botões.
Volta e mais volta entre língua, dentes e noz e consegui extrair o estranho objecto. Olho para ele e assaltou-me uma quase certeza.
Parece um dente, pensei.
- Um dente?!
-Um dente de quem?
-Então as nozes já têm dentes?
Volto a debruçar-me sobre o OCNI (objecto caído não identificado), observo-o melhor e assalta-me uma sensação de déjà vu.
-Ai ó pá, é mesmo um dente. E é mesmo parecido com o meu da frente, pensei.
Quase à beira de um peripaque, lá me mentalizei que eu era mesmo a propriazinha da dona do dente.
Resultado: estive o resto do fim-de-semana confinada aos meus aposentos e nem as lides eleitorais me convenceram a mostrar este meu lado de pirata das Caraíbas. E a manhã de segunda-feira passeia-a, inteirinha, a aquecer a cadeira do dentista, mas dei por bem empregue o tempo dispendido. Habemos de novom dentem e já podemos comer nozes novamente (obviamente sem casca).
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Conversas de treta
Diz-se que toda a mulher moderna que se preze tem um amigo gay mas, na verdade, o melhor amigo, mesmo, é um vibrador ou, vá lá, um ou dois dedos. Algumas, mais modernas ainda, chegam até a ter uma ou outra amiga mais colorida, mas não é disso que reza hoje este post.
Hoje quero escrever sobre uma conversa que ouvi entre três jovens adultos que bradavam aos céus e alardeavam aos sete ventos a estranheza e o total repúdio pelo gosto e uso feminino dos vibradores. Um atentado à verdadeira função do homem, diziam eles.
Embora tivesse sido só uma mera ouvinte da conversa, que se travou numa esplanada de café, apeteceu-me dizer-lhes o seguinte:
- queriduxa (o grupo era heterógenio), olhe lá, deixe-se de coisas e pense que a masturbação é fundamental, dá saúde e faz crescer! A falta de conhecimento do próprio corpo ou deixá-lo apenas em mãos alheias nem sempre é a melhor política.
- queriduxos, a vossa cara metade não vai deixar de amá-los por usar um vibrador. Nunca conheci uma mulher apaixonada por um vibrador e um homem não é apenas um pénis, embora, por vezes, essa parte anatómica ocupe demasiado espaço nas ligações sinápticas do seu cérebro, como parece ser o vosso caso!
Alguma vez estes bichinhos podem ser misóginos?
Hoje quero escrever sobre uma conversa que ouvi entre três jovens adultos que bradavam aos céus e alardeavam aos sete ventos a estranheza e o total repúdio pelo gosto e uso feminino dos vibradores. Um atentado à verdadeira função do homem, diziam eles.
Embora tivesse sido só uma mera ouvinte da conversa, que se travou numa esplanada de café, apeteceu-me dizer-lhes o seguinte:
- queriduxa (o grupo era heterógenio), olhe lá, deixe-se de coisas e pense que a masturbação é fundamental, dá saúde e faz crescer! A falta de conhecimento do próprio corpo ou deixá-lo apenas em mãos alheias nem sempre é a melhor política.
- queriduxos, a vossa cara metade não vai deixar de amá-los por usar um vibrador. Nunca conheci uma mulher apaixonada por um vibrador e um homem não é apenas um pénis, embora, por vezes, essa parte anatómica ocupe demasiado espaço nas ligações sinápticas do seu cérebro, como parece ser o vosso caso!
Alguma vez estes bichinhos podem ser misóginos?
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Totalmente fora de controle
Ainda não descobri a razão de um blog, que se queria erudito e sofisticado atendendo à verborreia latina aplicada, andar tão estraviado do seu percurso inicial. Por que raio se intrometeu uma feirante neste espaço? Das duas três, ou o blog muda de roupagem ou a Sra. D. Red Shoes vai vender os seus chanatos para outra freguesia, leia-se feira. Realmente, além de vagabundo, este blog está totalmente fora de controle. Chiça!! (Como se dirá esta palavra em latim?)
O modelito da Red shoes
Este fim de semana fui ao casamento da filha da minha amiga Lurdinhas. Obviamente não poderia fazer má figura. Toda a manhã experimentei red shoes e foi difícil optar entre os diversos modelitos de que disponho.
Depois de muito pensar decidi levar estes:
Não se aceitam encomendas. Por supuesto só uso modelos originais.
Depois de muito pensar decidi levar estes:
Não se aceitam encomendas. Por supuesto só uso modelos originais.
O sapatinho da noiva
Os modelitos mais originais
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Vai com as aves
Amanhã sai-me o primeiro pássaro do ninho.
Tal como Eugénio sabia, também eu sei que ela já não é a menina adormecida no fundo dos meus olhos. Sei que ela cresceu mas ainda sabemos de cor os contos que lhe contei e que ela ouviu. Sei que ela será sempre minha e que também serei sempre dela. Temos essa certeza.
domingo, 27 de setembro de 2009
Marco Paulo, muito à frente
A minha amiga RED NAILS foi assistir aos "monólogos das paxaxas" ou coisa que o valha.
Aqui a Red Shoes, mulher de feira mas de respeito, não anda nessas andanças. Era o que me faltava andar a cuscar as privacidades das miúdas!
Mas não pensem que não sou dada à cultura, sou sim senhora. Este fim de semana até descobri que o Marco Paulo foi o inventor do Tektonic. Se não acreditam, vejam o video e digam-me se falo verdade ou não. A sério, merece a pena o tempo dispendido porque é verdadeiramente hilariante.
Aqui a Red Shoes, mulher de feira mas de respeito, não anda nessas andanças. Era o que me faltava andar a cuscar as privacidades das miúdas!
Mas não pensem que não sou dada à cultura, sou sim senhora. Este fim de semana até descobri que o Marco Paulo foi o inventor do Tektonic. Se não acreditam, vejam o video e digam-me se falo verdade ou não. A sério, merece a pena o tempo dispendido porque é verdadeiramente hilariante.
Não há freguês que não saia satisfeito
Se repararam nos comentários do post anterior, viram que o vizinho CarapauCarapau - moço desportista e que gosta de andar na crista da onda e da moda - anda atrás dum chanato, singelo, leve, ligeiro, que lhe dê um bom andar (ou nadar, sei lá).
Fregueses, a minha banca é como a farmácia, nela não falta nada e o cliente, desde que pague, tem sempre razão e os seus desejos são, para mim, ordens. Por isso, freguês carapau a dobrar, aqui os tem, acabadinhos de chegar do Havai. Para que o seu contentamento seja total refiro que desta vez deixei as andorinhas sossegadas.
PS. Não se esqueça de pagar!! (amigos amigos, negócios à parte)
Fregueses, a minha banca é como a farmácia, nela não falta nada e o cliente, desde que pague, tem sempre razão e os seus desejos são, para mim, ordens. Por isso, freguês carapau a dobrar, aqui os tem, acabadinhos de chegar do Havai. Para que o seu contentamento seja total refiro que desta vez deixei as andorinhas sossegadas.
PS. Não se esqueça de pagar!! (amigos amigos, negócios à parte)
sábado, 26 de setembro de 2009
A mãe da noiva
A Lurdinhas, vizinha de feira há muitas tendas, hoje, entre um pregão e outro, contou-me as trabalheiras em que anda metida. Eu bem que a notava desabrida, afogueada e com umas olheiras que lhe chegavam às orelhas. Não é que a Lurdinhas tem uma filha casadoira e anda num vai-e-vem que nenhum santo aguentaria por mais de cinco minutos e olhem que se eles são santos é por alguma coisa. Ele é o vestido da filha que ora está largo ou apertado, ele é o penteado que custa a escolher, ele é os brincos que não condizem condignamente com o vestido da noiva ou com o penteado escolhido, ele é os convidados que não se decidem a vir ou não, ele é o padre que foi despedido (moço moderno que, entre missas e confissões, se dedicava a fazer corridas num carro desportivo, facto que desagradou ao bispo), ele é, ele é, ele é, ele é….
Como se não bastasse, a Lurdinhas, que tem uns pés que não se acomodariam nem nos sapatos das manas da Cinderela, anda esbaforida há semanas procurando um sapato especial que condiga com o seu especialíssimo e digníssimo vestido de mãe da noiva.
- Ó Lurdinhas, disse eu. Atão e não te lembraste de mim? Aqui há de tudo, mulher. Onde é que pensas que a Leticia Ortiz encomenda os sapatinhos? Ai Lurdinhas, pensas tu que santos da casa não fazem milagres mas fazem.
Disse-me, então, que precisava de uns sapatos finos, de salto alto, que não lhe apertassem os calos nem os joanetes e que fossem verdes para condizer com a pochete que tinha já comprado.
- Então e isso é lá problema, respondi eu. Tenho aqui uns que te vão ficar a matar e não terás problemas com os calos. São umas luvinhas e cabem em qualquer pé.
Lá os desencantei e foi-se embora a Lurdinhas com um sorriso de orelha a orelha, ruminando agradecimentos.
Como não prometi exclusividade e como a publicidade é a alma do negócio, aqui deixo a foto. São carotes, mas merecem bem o dinheiro por tamanho conforto.
Como se não bastasse, a Lurdinhas, que tem uns pés que não se acomodariam nem nos sapatos das manas da Cinderela, anda esbaforida há semanas procurando um sapato especial que condiga com o seu especialíssimo e digníssimo vestido de mãe da noiva.
- Ó Lurdinhas, disse eu. Atão e não te lembraste de mim? Aqui há de tudo, mulher. Onde é que pensas que a Leticia Ortiz encomenda os sapatinhos? Ai Lurdinhas, pensas tu que santos da casa não fazem milagres mas fazem.
Disse-me, então, que precisava de uns sapatos finos, de salto alto, que não lhe apertassem os calos nem os joanetes e que fossem verdes para condizer com a pochete que tinha já comprado.
- Então e isso é lá problema, respondi eu. Tenho aqui uns que te vão ficar a matar e não terás problemas com os calos. São umas luvinhas e cabem em qualquer pé.
Lá os desencantei e foi-se embora a Lurdinhas com um sorriso de orelha a orelha, ruminando agradecimentos.
Como não prometi exclusividade e como a publicidade é a alma do negócio, aqui deixo a foto. São carotes, mas merecem bem o dinheiro por tamanho conforto.
segunda-feira, 21 de setembro de 2009
Já disse que este é um blogue vagabundo que anda sem rumo e sem qualquer plano ou GPS. Já disse que não gostava de correntes, correntinhas ou correntezas mas a verdade é que gosto da VIZINHA. Só por isso, aqui vai:
1- Quem é que, no presente, eu gosto mais de abraçar?
Mudo o "quem" por "que" e respondo que gosto de abraçar a vida. A ela abraço-a todos os dias e me gusta.
2- Quem é que nunca abraçaria?
Os políticos que passam lá pela minha feira a cuspir promessas.
3- A quem, dava tudo, para poder abraçar?
Aos que já se foram e não voltam.
4- A quem daria o meu melhor abraço?
A uma amiga que perdeu recentemente um filho.
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10 CARTÕES VERMELHOS
Podem ser mais?
Aos desonestos, hipócritas, mentirosos, fingidos, convencidos (estão todos no governo e são mais de dez, não?) Ah, esquecia-me: cartão vermelho para todos os que remexem e desarrumam a banca e não me compram os sapatos.
10 CARTÕES DE FELICITAÇÕES (este acrescento é meu)
Dez não chegam. Encomendarei mais e distribuirei ao domicílio, lol. Deixo cartões para todas as amigas e amigos, colegas de feira, que ao longo da vida, foram apregoando comigo.
Hoje, por exemplo, teria distribuído mais de 100. A esses, que nem sabem que este blogue existe, obrigada pela gentileza, pela simpatia e pela preocupação com o bem estar e integração dos outros. Bem haja!
sábado, 19 de setembro de 2009
El flamenco, la pura sensualidad
El flamenco me mueve las fibras íntimas por sus contenidos poderosos: su belleza, su alma, su emotividad y su fuerza sensual. En él, increíblemente, se mezclan la tristeza y la alegría, la soledad y la añoranza con la seducción y la pasión.
El arte flamenco es el resultado de una suma de culturas musicales que han tenido por solar propio las tierras andaluzas. Es, por ello, un baile de patrimonio tan impuro como bello donde se entremezclan las huellas ancestrales de la música judía, árabe, castellana, antigua andaluza y gitana.
Os dejo una pequeña muestra a ver si compartís mi gusto. (los zapatos ya los tengo, lol).
El arte flamenco es el resultado de una suma de culturas musicales que han tenido por solar propio las tierras andaluzas. Es, por ello, un baile de patrimonio tan impuro como bello donde se entremezclan las huellas ancestrales de la música judía, árabe, castellana, antigua andaluza y gitana.
Os dejo una pequeña muestra a ver si compartís mi gusto. (los zapatos ya los tengo, lol).
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Discurso de Obama aquando da abertura do ano lectivo
Sou uma ladra! "Roubei" este texto de dois sítios: do blog Mwangolé Azul e do Obama, claro está. E roubei-o pela simples razão de que gostei dele. Gostei que alguém dissesse aos alunos que a responsabilidade do seu sucesso lhes cabia. Não há escolas, nem pais, nem professores que consigam motivar e ajudar quem não quer ser motivado nem ajudado. Gostei também que não se falasse em estatísticas nem em Magalhães. Gostei das palavras simples que usou e tenho a certeza de quem o ouviu ficou a pensar nas suas palavras. Só não gostei de uma coisa, não gostei de nunca ter ouvido este discurso da boca dos nossos governantes.
Por ser um discurso demasiado longo para um blog, pensei em suprimir algumas partes. Mas mudei de opinião. Deixo-o intacto porque considero que merece a pena ser lido na íntegra.
"Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.
Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.
A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas quando eu me queixava a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro...".
Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.
Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.
No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.
E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.
Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.
Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.
No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.
E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro.
Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.
Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.
Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão que não me adaptava, e por isso nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.
Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.
Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.
Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.
A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.
E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando a Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os pais dela. No entanto, ela estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown, e actualmente está a estudar Saúde Pública.
Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, uma delas que lhe afectou a memória, e por isso teve de estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e agora entrou na faculdade.
E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade.
A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo.
É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objectivos para os seus estudos, e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno.
Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente. Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira.
No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido."
Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.
Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.
Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - um pai, um avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude.
E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram - nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.
A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não darem o seu melhor.
É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros.
Por isso hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?
As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes."
Desvendar do véu
Noite após noite, mil e setecentas pessoas não conseguem pregar olho imaginando quem será e como será a tal vendedora de sapatos que resolveu trocar o tal caderninho de capa preta, onde antes escrevinhava a contabilidade das suas vendas, por um blogue. Blogue esse, novíssimo mas já conhecido além fronteiras e além continentes, obviamente devido à extraordinária qualidade da sua escrita, sendo que até a Oprah Winfrey já agendou, lá para Novembro, mais coisa menos coisa, uma entrevista à tão dotada feirante.
Sendo assim, depois de ponderar os riscos e os desriscos de se tornar uma figura pública e de, inclusive, ter consultado um advogado famoso da praça (leia-se feira) através de uma cunha de uma amiga, decidiu, por fim, desvendar a sua pessoa que, até ao momento, esteve escondida por detrás de uns flamenco red shoes.
Para esses, aqueles que lhe enchem a caixa do correio a pedir-lhe (de joelhos) que se revele, a feirante adianta que colocou, no fim do blogue, um vídeo de um filme feito há dois anos, numa visitinha que fez lá pelas Índias e onde participou como figurante. A famosa vendedora de sapatos é a que está vestida de RED, cor de que sempre gostou.
Foto: daqui
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Será????
E não é que ontem vi no programa da Oprah que as pessoas que sofrem de depressão têm os pensamentos mais claros e reacções mais rápidas.
Ora eu, vendedora profissional de sapatos, que ando, neste momento, ocupadíssima na planificação das vendas e na escolha de novas colecções, pensei logo que queria uma depressão dessas americanas. Suspeito que as europeias não são iguais, serão?? Digam-me vossemecês que são gente que andaram nas universidades.
domingo, 13 de setembro de 2009
Dá-se estante
Recebi hoje um email de uma amiga que se quere desfazer de uma estante que tem em casa. Como sabia que eu tinha muitos livros, achou que provavelmente me faria jeito.
Tive pena, porque a estante até é gira e tem bastante arrumação, mas na minha casa já não há espaço disponível.
Deixo aqui a fotografia, caso alguém esteja interessado.
Contactar: M&M
Tive pena, porque a estante até é gira e tem bastante arrumação, mas na minha casa já não há espaço disponível.
Deixo aqui a fotografia, caso alguém esteja interessado.
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